segunda-feira, março 27, 2006

Inaugurado Museu da Língua Portuguesa

...em São Paulo, Brasil


 
"O mesmo estudo aponta o português como a sexta língua mais falada no planeta e como língua oficial de oito países, dos quatro continentes. O que mostra como a língua portuguesa é cada vez mais importante no mundo."



Discurso do ministro da Cultura, Gilberto Gil

Bom dia, amigos e amigas de São Paulo!
Bom dia, amigos e falantes da língua portuguesa!
A Estação da Luz transforma-se na estação da língua e da palavra. E afinal, de que são feitas as palavras, se não da luz do som, da luz dos olhos e das mãos? Os versos de Cecília Meireles nos inspiram: Ai, palavras, ai, palavras, / Que estranha potência a vossa! / Ai, palavras, ai, palavras, / Sois de vento, ides no vento, / No vento que não retorna, / E, em tão rápida existência, / Tudo se forma e transforma! LÍNGUA é uma palavra da língua portuguesa que a língua gosta de falar. Que paixão falar palavras em língua portuguesa. Que paixão é essa que prende e liberta aquele que faz da palavra o seu ofício! “Há pessoas”, como diz Manoel de Barros, “que se compõem de atos, ruídos, retratos. Outras de palavras. Poetas e tontos se compõem com palavras”.
No prazer de saborear palavras com a língua portuguesa poderíamos passar aqui muitas horas a conversar, mas aqui estamos para inaugurar o Museu da Língua Portuguesa, um museu que une tradição e tecnologia para apresentar aos cidadãos a importância da comunicação, que, afinal de contas, é o ponto de encontro dos seres humanos.
A nossa linguagem é falada por uma voz muito própria, de modo gestualizado e corporalmente falante, uma performance de corpo vital em nosso sistema de comunicação. Monteiro Lobato foi um dos que observaram muito bem essa nossa figuração da língua sob a imagem do Jeca Tatu. O cinema brasileiro bebeu nessa fonte em momentos de grande popularidade através dos memoráveis mestres dessa língua corporal brasileira como Masarope, Oscarito e Grande Otelo.
Curiosamente nos reunimos aqui hoje nessa estação da Luz que surge nos contos novos de Mário de Andrade e é o lugar itinerante de um operário que vagueia num primeiro de maio. Nessas vizinhanças nas quais se abriam as tantas portas de entrada para a São Paulo. Uma cidade que começava a crescer com sua indústria e trazia para dentro de si, através da máquina a vapor, os muitos sotaques e as muitas populações que se fundem nesse idioma. Quantas línguas somos capazes de falar ao mesmo tempo e quantos Brasis existem num só território. Língua é identidade nacional em processo.
A inauguração do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo evoca espacialmente essa passagem de Mário de Andrade. Mas para além de suas andanças pela Paulicéia Desvairada, foi ele, Mário de Andrade, que idealizou a criação do Museu da Palavra. Nesse Museu, vinculado à Divisão de Expansão Cultural do Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo, estariam reunidos registros das diferentes modalidades, ritmos, entonações e expressões dos falares brasileiros, eruditos e populares.
Foi ainda Mário de Andrade que organizou o 1º Congresso da Língua Nacional Cantada, em julho de 1939. De algum modo, ali, em Mário de Andrade, encontram-se algumas sementes do Museu que hoje inauguramos.
Oswald de Andrade é outro que devemos evocar com as memórias sentimentais de seu alter ego que perambula nessa região central da cidade fazendo o caminho encantado dos bondes elétricos - outra face dessa mesma São Paulo e de nossa língua desde sempre experimental. Oswald, que foi um precursor da poesia concreta, captou tão bem a língua urbana e sua espacialidade impressa. Assim como Haroldo de Campos que, em seus poemas, traduziu uma língua quase gráfica.
O Museu da Língua Portuguesa hoje inaugurado, ao contar a história da língua, oferece, com arte e tecnologia, uma viagem pelo tempo e pela cultura brasileira. Além disso, com a exposição temporária sobre Guimarães Rosa, comemora os 50 anos de Grande sertão: veredas.
Este Museu, desde o início, contou com o apoio do Governo Federal e do Ministério da Cultura que contribuíram na sua concepção, na restauração desse belo edifício e no seu financiamento, que se viabilizou por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
São investimentos notáveis, mas é preciso avançar e investir ainda mais nas ações de educação, na acessibilidade, nas exposições, na conservação e na segurança dos museus. Nesse sentido, a criação do Instituto Brasileiro de Museus, sobre a qual tenho me manifestado insistentemente, é urgente. Precisamos de um Instituto que cuide dos museus com atenção e carinho especiais.
A instalação do Museu da Língua Portuguesa nesta antiga estação ferroviária, parte de uma rede de caminhos de ferro que se espalham pelo Brasil, deve servir para inspirar a sua vocação. Que esse museu seja um ponto de intensa articulação de uma rede de valorização da língua portuguesa; que ele seja uma estação de idas e vindas, de chegadas e partidas, local de troca e irradiação dos movimentos da língua viva, que nos muda e é continuamente por nós modificada. 

Um dos desafios desse Museu é tratar a língua portuguesa não apenas como patrimônio que se transmite de uma geração para outra, mas também como Mátria e Matriz que une e irmana, no mundo, todos os cidadãos que falam a língua portuguesa. Um povo é considerado extinto quando sua língua morre. Manter a língua viva é, portanto, manter uma cultura viva. 

Segundo pesquisa da Unesco, metade das seis mil línguas do mundo estão em risco de extinção e, a cada duas semanas, uma língua desaparece. O mesmo estudo aponta o português como a sexta língua mais falada no planeta e como língua oficial de oito países, dos quatro continentes. O que mostra como a língua portuguesa é cada vez mais importante no mundo. A vitalidade de uma língua é a vitalidade de um povo. Se os atos de fala e os atos de palavra podem ser ações, gerar movimentos e criar realidades, então faço aqui da minha palavra um voto: que este Museu amplifique e ressoe a voz da Língua Portuguesa no mundo.

São Paulo, 20 de março de 2006


sábado, março 18, 2006

Procura-se um Amigo



Por que não sou poeta, recorro às palavras de quem sabe tecê-las para dizer o que sentimos.
JC


Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das
canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

 
Vinicius de Moraes

segunda-feira, março 13, 2006

Visita ao Forte e Museu de Peniche

O Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória!" realiza no dia 1 de Abril (sábado), uma visita ao Forte e Museu de Peniche, seguida de almoço-convívio num restaurante local.


O almoço-convívio será associado a uma reflexão sobre a preservação e divulgação da memória histórica da ditadura e da resistência.

Teremos como convidados o historiador António Borges Coelho e o artista plástico Rogério Ribeiro.



O programa previsto desta iniciativa é:

Partida às 9 horas da manhã, em camioneta, da Praça de Espanha
(junto das antigas instalações do Teatro Aberto);
Visita ao Forte e Museu de Peniche a partir das 11 horas;
Almoço-convívio (caldeirada) às 13.30 horas;
Regresso a Lisboa às 17 horas.


As inscrições devem ser efectuadas até
27 de Março, com o pagamento de 25 € (transporte e almoço)

pessoalmente junto de membros do Movimento Cívico,
na Sede do SPGL (Rua Fialho de Almeida, 3 – Lisboa)
ou na Sede do Movimento (Rua da Misericórdia, 95 – Lisboa).


Contactos telefónicos
21 4116813 e 21 3143649

Mais informações aqui

terça-feira, março 07, 2006

Dia Internacional da Mulher

Comemorações dia 8 de Março, Quarta-feira


A Ferlap* estará presente nos Seminários “Estereótipos de género: olhares sobre a igualdade a diferença” a realizar na Assembleia da República e “Género em Agenda. Boas Práticas de trabalho com Jovens” a realizar no Auditório do Conselho Nacional da Juventude. Para além disso adere ao cordão humano, pela igualdade de direitos e pelo combate às discriminações, organizado pela Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da CGTP, que se vai realizar a partir das 15H30, entre o Rossio e a residência do Primeiro Ministro.

DIA 11 (Sábado)
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Na Sede da Ferlap
10H30 -
Abertura dos trabalhos - Saudação do Presidente do CE da Ferlap, António Castela
10H45 -
Colóquio “A mulher e o Associativismo”
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Oradoras:
Maria de Jesus Barroso (Presidente da Fundação Pro Dignitate)
Maria João Boléu Tomé (Primeira Presidente da Ferlap e primeira Presidente da Confap)
Moderadora: Helena Dias (Presidente da Mesa da AG da Ferlap)

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12H30 - Interrupção dos trabalhos para almoço no Restaurante "O Mercado"
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No Salão da Junta de Freguesia de Alcântara
15H30 - Mesa de Debate, "A mulher na família, na profissão e na intervenção social”
Coordenação: Universina Coutinho (Associada Benemérita da Ferlap)
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Participantes:
Elsa Sertório (Escritora, autora do livro "Mulheres Imigrantes")
Luísa Ortigoso (Actriz)
Maria de Fátima Campos (Autarca, Presidente da JF de Monte Abraão)
Maria Helena Gonçalves (Sindicalista)
Maria José Maurício (Mestre em Assuntos da Mulher, Consultora/Formadora para as questões de género).
Maria José Nogueira Pinto (Autarca, Vereadora da Habitação Social da CML).
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Relato dos trabalhos e notas finais: Helena Dias e António Castela (Presidentes da MAG e do CE da Ferlap)
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18H30 - 3 MULHERES com o espectáculo
de poesia dramatizada “EU NÃO SOU EU”
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Estará disponível durante a tarde uma contadora de estórias para crianças (Liliana Lima).
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Com o apoio:
Câmara Municipal de Lisboa
Junta de Freguesia de Alcântara
Restaurante "O Mercado"

Inscrições: Tel. 21 855 03 86 / Tlm. 91 870 99 02 / Fax 21 855 13 71 até ao dia 08/03.
Almoço: 12,50 Euros, no Restaurante “O Mercado”, ao lado da Junta de Freguesia de Alcântara. Asseguramos actividades para as crianças durante a realização dos trabalhos, mediante inscrição prévia.
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*FERLAP
FEDERAÇÃO REGIONAL DE LISBOA DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS
RUA DAS COURELAS, LOTE 3, 1800-154 LISBOA
TEL: 218 550 386 - FAX: 218 551 371
Página: www.ferlap.com